Regras estranhas para músicos caseiros
Eu faço música em casa. Até hoje submeti três álbuns para as plataformas principais de streaming e usei dois distribuidores diferentes - e cada vez que o fiz, encontrei algum entrave que tinha de resolver “ou então”. Não tenho muitos seguidores, nem dinheiro, portanto estou nas mãos dos gigantes.
Aqui estão algumas das regras que tive de respeitar, que não estava à espera que existissem:
1 - Os Títulos das Músicas Devem Ter Maiúsculas Assim#
Esta deve ser a regra mais conhecida. Há algumas regras sobre maiúsculas, e essas regras aplicam-se aos nomes das faixas e aos nomes de artista também.
Quando lancei o “Pigeonneries” em 2017, estava com esta ideia de ter as faixas todas em minúsculas, mas o CDBaby disse que não e automaticamente mudou a primeira letra de cada palavra para maiúscula. Foi chato mas pronto, não incomodou assim tanto. No entanto, a última faixa foi mudada para “Le Pigeon Est Mort, Vive Le Pigeon!”, mas quando chegou às lojas digitais estava como “Le pigeon est mort, vive le pigeon!”. Imagino que alguém viu que era uma frase inteira e decidiu mudar as maiúsculas outra vez.
Nessa altura, o CDBaby dizia que podias ser criativo no teu nome de artista se tivesses muitos fãs e uma página no Wikipedia. Não era o meu caso.
O tempo passou e estilos como o Vaporwave e o Lo-fi, caracterizados pela sua estética que vai para além da música em si, ficaram mais populares, portanto esta regra teria de mudar. Hoje em dia o Distrokid permite enviar músicas com as maiúsculas como quiseres (quer tenhas página no Wikipedia ou não). Mas… depois avisa-te que a Apple Music talvez mude se quiserem. ¯\(ツ)/¯
A música é tua, mas o título não
2 - Não podes ter mais de uma linguagem na tracklist#
Esta regra foi a mais surpreendente para mim. Eu gravei um EP de quatro faixas, três das quais tinham vocais em inglês, e uma em português. Como a faixa portuguesa só tinha 8 palavras, o EP era praí 95% inglês, e portanto coloquei a linguagem do álbum como sendo em inglês. Oras, quando submeti apareceu um erro a dizer que a faixa em português tinha caracteres não-ingleses no título, o que não era possível.
Afinal, é mesmo contra as regras ter álbuns com mais de uma linguagem na tracklist. Mesmo se a tua faixa for instrumental, ou os vocais serem em inglês, não podes usar palavras de outras linguagens. O FAQ do Distrokid indica que a regra é aplicada apenas aos títulos, e não às letras em si, no entanto não tenho 100% de certeza visto que o palavreado deles não é o mais claro.
Aqui está uma música chamada “You Chose “English” As the Language for This Release. But the Title of Track 6 Contains Non-English Characters. Stores Don’t Allow This.”, que é o erro que me apareceu. O/a artista Soja Calcium é francês/a, por isso é óbvio porquê que iam encontrar o mesmo problema que eu. Renomear a faixa para se chamar o mesmo que o erro foi genial a meu ver. Granda solução.
Novamente, a música é tua, o título não
… a não ser que sejas os Enigma, com um álbum que contem inglês, português, espanhol e francês com caracteres não-ingleses na tracklist.
3 - iTunes/Apple Music não aceitam música clássica#
Não sei se isto é uma limitação do Distrokid apenas, mas encontrei este erro acidentalmente. Se selecionar “Classical” como o genéro, esse aviso aparece. Felizmente não sou clássico.
4 - AppleMusic tem regras muito específicas sobre avatars#
É típico da Apple, tudo tem uma guideline. Conheço-os bem do mundo de desenvolvimento de software, mas parece que eles são assim em áreas mais abrangentes. Não estou a falar de regras comuns como “sem pornografia”, “evitar fotos desfocadas” ou uma resolução de imagem mínima. Eles têem regras sobre onde é que a tua boca e as tuas sobrancelhas devem estar na foto.
É meio chato mas nada demais. Tirei outra foto só para eles. E depois é aguardar um dia para que seja aprovada por um reviewer oficial da Apple…
Para já é tudo! Com um pouco de sorte vou lançar mais coisas no futuro, e provavelmente atualizo esta lista.