Voz?
Quem é a voz dentro da minha cabeça?#
Eu tenho uma voz na minha mente. Estou a ouvi-la agora. Ela dita o que escrevo.
Às vezes quando penso em alguma coisa, ela fala para mim como se não fosse eu, como se não fosse fruto da imaginação que pertence ao meu domínio.
Por exemplo, no outro dia deixei cair um ovo no chão, sujei tudo, estraguei o jantar e naturalmente irritei-me; mas como se não bastasse, ela proclamou “Boa Luís!!1!” em tom sarcástico, como se eu fosse asinino.
Fico na dúvida se devia emancipar esta voz, dar-lhe um nome e vida própria, declarar a sua independência; por outro lado, não quero que se cale, senão seria muito solitário. Na verdade, o conceito de silêncio é apenas teórico para mim. Assim que acordo, já a oiço pronunciar ideias, críticas e planos para o dia (às vezes não do próprio dia, mas do dia daqui a muitos dias).
Há quem diga: “Dormirei quando morrer”.
A minha voz diz: “Calar-me-ei quando morreres”.